Personalidades
Sr. Antônio Soares
Nasceu em Santo Antônio do Potengi, lugar onde viveu até a sua morte, no qual trabalhou até sua morte modelando a louça figurativa. Teve destaque como primeiro ceramista da comunidade a ter sua obra identificada e divulgada externamente, foi o criador da bilha de barro branco em forma de galo, ornamentada com flores vermelhas e folhagens verdes, peça que se transformaria no símbolo do folclore do Rio Grande do Norte.Sr. Antônio não pintava seus galos, decorava-os com flores gravadas em baixo relevo utilizando para esse fim, a ponta de palitos de fósforos.
Não há registro do seu nascimento e óbito. Mas sabe-se que faleceu com aproximadamente oitenta anos, entre o final da década de 1960 e início da década de setenta, sendo sepultado no cemitério de São Gonçalo do Amarante (SEDE). Foi casado com a senhora Maria das Dores Soares, que também era ceramista, modelava panelas.
Antônio Soares também foi o responsável a ensinar o ofício do barro a Dona Neném, que com aproximadamente doze anos de idade aprendeu os segredos da arte do barro. Esta observava com atenção o trabalho do Mestre, de quem recebeu forte influência. D. Neném começou alisando as peças na fase de acabamento para apenas depois dividir o trabalho durante o processo de modelagem. Após a morte de Sr. Antônio, tomou para sai responsabilidade de continuar a peça do galo de barro branco,popularizando a tal ponto que muitos a tem ainda hoje erroneamente como a criadora do galo,talvez seja pela perfeição nas peças inigualável até hoje por qualquer que seja o artesão.Outros artesãos a imitam reproduzindo e reinventando a forma original do galo numa diversidade de técnicas e dimensões.
De acordo com suas netas Ana e Geruza, Sr. Antônio recebeu nos anos 60 uma encomenda do então prefeito Djalma Maranhão, para modelar no barro a figura de uma mãe com uma criança destinada à Praça das Mães, em Natal, na antiga Avenida Junqueira Ayres, entre os bairros da Ribeira e da Cidade Alta. A peça teria sido posta no local, mas infelizmente pouco tempo depois fora perdida pela ação dos vândalos que a destruíram completamente.
Galo Branco
Jéssica Débora de Melo Bezerra
Nasceu no dia 22 de fevereiro de 1907, Centro, São Gonçalo do Amarante / RN. Com alguns meses depois de seu nascimento, ela foi morar no povoado de Pirituba, próximo a Utinga, aqui mesmo no Município. Lá, ela cresceu e conheceu o alfabeto. Aprendeu a ler e escrever, onde sua primeira mestra foi a sua mãe. Órfã de pai, sua educação foi puramente matriarcal; sua mãe e sua avó sempre foram as principais figuras da formação de seu caráter. Ensinava as bonecas, os sabugos de milho e as pedrinhas, mas também ajudava sua mãe na aula, segurando a mão dos alunos para cobrir os pontilhados dos exercícios.
Aos 15 anos de idade, em 1923, foi nomeada professora de Pirituba. Começava então um caminho de ensinamentos. Participava do teatro em São Gonçalo do Amarante, junto a Jayme Wanderley, onde depois foi diretora. Uma de suas ações era formar teatrinhos escolares onde lecionava.
Em 8 de abril de 1929, foi nomeada professora de Uruaçu. Nesse tempo era amiga de gente como João Café Filho e Juvenal Lamartine. Em outubro de 1930, participou também do concurso de Miss S.G.A. daquele ano, realizado com efeito ao título de Miss Universo vencido por uma brasileira; ela representou o povoado de Uruaçu, de onde era professora e ficou em 2º lugar, perdendo para sua irmã.
Já no ano de 1933, quando passou a ensinar no povoado de Igreja Nova, apaixonou-se por um rapazinho 10 anos mais moço que ela; e contrariando toda a sociedade da época, casou com ele: Sílvio de Pontes Bezerra, a 30 de janeiro de 1936 no civil, e de vestido vermelho em plena festa de São Gonçalo (padroeiro), em protesto aos familiares dos dois, que não aceitavam e não compareceram ao casamento.
No mês de março de 1937, nasce a sua filha Maria Silvia de Melo Bezerra, e nesse mesmo ano foi para Guanduba, onde passou a administrar a educação, implantando novos sistemas de ensino. Lá nasceram mais dois filhos (gêmeos) Antônio Marcel de Melo Bezerra e João Mozart de Melo Bezerra em maio de 1940.
Com o crescimento comercial que Natal estava vivendo no início da década de 40 com a presença dos americanos, em plena II Guerra; seu marido viu grandes possibilidades de melhorias financeiras e mudou-se para a Capital.
Já em Natal, atendendo a pedidos, fundou uma escola noturna para homens civis e militares, eram mais de dez na pequena sala. O diretor de educação do Estado, o Sr. Severino Bezerra, que conhecia o trabalho dela, fez uma busca de norte a sul do estado até encontrá-la. Ofereceu o Grupo escolar Dr Octaviano de São Gonçalo do Amarante que estava completamente deteriorado e sem uso, para que ela reerguesse. Logo veio cumprir sua missão. 1944 foi o ano em que a educação do Município ressurgiu.
Com mãos na obra, limpou toda a área do grupo, trocou portas e janelas, pintou paredes com ajuda de amigos e por fim saiu de casa em casa, refazendo as matriculas dos alunos, iniciando uma nova fase.
Depois de alguns meses como professora provisória e substituta, era então nomeada Diretora também. Ocupou esse cargo por alguns anos e como professora mais 30 anos de trabalho. Entre seus alunos surgiram médicos, engenheiros, escritores e professores de alto nível. Como conselheira e fonte de pesquisa, a cidade inteira foi a sua procura e saiu satisfeita.
Em 1979, lançou “Cinzas”, livro de poemas elogiado pelo escritor Humberto Peregrino, que comparou sua poesia a de Auta de Souza. Em 1983 foi escolhida a “Mulher do Ano” de São Gonçalo do Amarante; em 1986, a “Anciã do Ano” de todo o Rio Grande do Norte, pela LBA. Já fez suas palestras em grupos de idosos e jovens, além de formaturas, e foi aplaudida na UFRN, onde lecionou sobre a vida. Faleceu no dia 09 de agosto de 1999, em sua residência, Centro, São Gonçalo do Amarante / RN.
Em 2000 recebeu a homenagem com a criação do Prêmio Jéssica Débora de Poesia, uma iniciativa do Vereador Teófilo Neto, junto a Secretaria de Educação do Município. Também em 2000 foi lançado o livro Reflexo D'Alma de seus poemas mais famosos, inclusive alguns inéditos, também por iniciativa da Prefeitura Municipal através da SEMEC (Secretaria Municipal de Educação e Cultura).
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
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Caríssimo Alexandre,
ResponderExcluirAgradecemos a lembrança citando nossa matriarca como uma personalidade de São Gonçalo do Amarante. E ela o foi de fato. Ela foi fonte maior de nossas vidas e, especialmente, uma mulher a frente do seu tempo que amou sua terra indistintamente e que fez de sua vocação, seu maior caminho.
Miuto nos emocionou a homenagem criada por iniciativa de Tereza e de Teófilo, meninos que ela viu crescer aqui em São Gonçalo e com quem gostava de prosear.
Grande abraço
Séphora Bezerra